Recordar e viver e ser grata eternamente por tudo que vivi

Londres 2022 dezembro

 

 Eu vivi por um longo tempo em conflito, dentro de mim habitava duas mulheres que viviam brigando, uma me dizia que valia a pena fazer tudo por ele a outra dizia que eu era uma mulher sem atitude e que isso me levaria para caminhos de grandes frustrações..

As duas vozes ecoavam em minha mente de um forma alucinadora, já não aguentava viver entre dois mundos, dois espaços, se me perguntassem quem eu era com certeza eu não saberia responder e se tentasse eu diria que era a Paz e a Guerra.

E ai vem.a pergunta qual delas alimentar ne nao ?

Por um longo tempo pensei que aquela voz sensível dentro de mim, que falava tão mansamente e dizia que eu tinha que ser a boa menina, a super mulher, que era minha amiga e queria meu bem. Ela era a que mais falava em minha mente e na maioria das vezes conseguia me convencer.

A outra voz era o mais claro possível comigo, dizia que menina muito boazinha tem que se ferrar mesmo, porque ela acha que tem que ser perfeita e vivia dizendo que eu era muito infantil, que ela já estava de saco cheio daquele tipo ao meu lado, que ela queria da um chute nele, queria ser livre para cantar e dançar sem ser punida por querer

viver.

Que conflito intenso entre as duas, quem eu iria ouvir? Eu me perguntava o tempo todo, as duas tinham seus argumentos, uma era prática, direta, livre e feliz a outra era sensível, defensora de causas, terapeuta, mãe, conselheira e infeliz.

Eu dividida dentro de mim mesma, mas sempre optava pela voz sensível por ela sempre me dizer: - Eu não sou infantil como a outra fala, eu apenas quero amar sem limites, sinto que esse amor é eterno, o signo dele combina com o meu, devo lutar por ele ainda que ele me faça sofrer, não é assim que os grandes poetas falam?

Observe todas as histórias de amores eternos as mocinhas sempre tiveram que se sacrificar pelo amado, uma parte de mim achava que tinha que  perdoar quantas vezes fosse preciso, aquela parte de mim não conseguia enxergar ele longe, achava que não podia perder aquela chance de ser feliz e ainda me fazia pensar que ruim com ele pior sem ele. Ela sempre tentava me convencer a sofrer um pouco mais.

As vozes ecoavam dentro de minha mente e quando eu tentava ser como a outra que era mais livre, ela interferia e me convencia novamente que é dando que se recebe, entretanto eu não recebia nada e ela continuava deturpando tudo. 

Com o tempo todos seus argumentos começaram me cansar, porque ela arrumava desculpas para tudo enquanto a outra era sempre clara e

direta.

Cansei de viver entre dúvidas e indecisões, eu sofria horrores por ouvi-la, sua voz era gigante e com isso me transformava numa marionete. Não poderia mais dizer sim a essa voz, minha vida estava escorrendo entre meus dedos e me distanciando cada vez mais da

felicidade.

Cheguei a conclusão que a outra tinha razão, que eu precisava ser eu mesma e que tinha direitos sobre mim, que precisava me amar para me pertencer, não tinha que ser uma boa menina o tempo inteiro. Tinha apenas que viver a vida. Com essa voz me descobri, me

vi sorrindo, querendo, sonhando.  Me vi amando a mim como nunca havia amado.

A voz que deixei de lado faz parte de mim, em muitos momentos ela é minha aliada e me ajuda bastante, mas coloquei limites nela, ela precisava ser contida. Hoje sei exatamente quando ela quer se sobressair além do permitido. Aprendi a me conhecer e a amar tudo

que existe em mim, a minha Luz e a minha Escuridão.

Devemos ter cuidado com o que ouvimos de nós mesmas, sempre vencerá aquela que mais argumentar seu real interesse, ela defenderá suas causas, seus objetivos, suas verdades e mentiras, seu bem e mal, suas mágoas e seu perdão...

Tudo tem o valor da importância que damos.

Como  disse  meu ex aluno. amigo  intimo Freud kkkkk:

Nem sempre é a razão que governa nossas ações. Impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer à luz instintos e

necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nós.