sexta-feira, 14 de junho de 2019

Valei me Deus


     Comecemos pelo título. A Flor de Lis ou Flor de Íris é um flor da família do lírio. É frequentemente usada como símbolo de escudos ou brasões de armas por simbolizar o poder. No entanto, a flor de lis representa também a paz e a pureza.

     E a primeira coisa que se deve saber é que Djavan fala, nessa canção, sobre uma flor de lis. No entanto, não sobre uma flor propriamente dita, mas sim sobre alguém com uma personalidade de uma flor de lis. Uma mulher poderosa e pura. Uma flor de lis.
     O fato é que o eu lírico da canção acabou o seu relacionamento com a sua flor de lis. E este mesmo eu lírico implora perdão por um erro que sabe que cometeu, mas que não sabe qual foi. Ele diz: "Valei-me Deus / é o fim do nosso amor / perdoa, por favor / eu sei que o erro aconteceu / mas não sei o que fez / tudo mudar de vez / eu só sei que amei...".
     E o eu lírico, por não saber qual foi o erro que cometeu para que se findasse o seu relacionamento, recorre à imaginação para formular justificativas para o fim daquele amor. Acaba questionando se fez certo em entregar-se àquele relacionamento, mesmo sem poder prever o futuro, mesmo sem saber se ele daria certo ou não, e até mesmo sem saber se seria ele a melhor pessoa para aquela mulher.
     É o que se vê nesses versos: "Será, talvez / que minha ilusão / foi dar meu coração / com toda força / pra essa moça / me fazer feliz / e o destino não quis / me ver como raiz / de uma flor de lis".
     Então, ele chega a conclusão de que sim, foi o destino que não o quis com a flor de lis. E, foi por causa do destino, que acabou vendo o seu amor reduzido a pó. Seu relacionamento, seu amor, acabou morrendo. Talvez, também, por causa da falta de sentimentos de seu amor, que nesse instante adquire nome, Maria. "E foi assim / que eu vi / nosso amor na poeira, poeira / morto na beleza fria de Maria".
     Chegamos, emfim, ao ponto mais bonito da música. "E o meu jardim da vida / ressecou, morreu / do pé que brotou Maria / nem margarida nasceu". Diziam os falsos e-mails que esse trecho estava relacionado ao fato de Maria, suposta mulher de Djavan, não ter conseguido parir Margarida, filha do casal. No entanto, acho que deveriam esperar mais do homem que escreveu obras-primas como Te devoro, Se Oceano.
     Ao falar que o seu jardim da vida ressecou e morreu, Djavan refere-se ao fato de estar traumatizado com o fim de seu relacionamento e, por isso, como tanta gente por aí, achar que sua vida acabou. E, tratando sua vida como um jardim, acaba tratando como árvores seus sentimentos e sensações. E falar que, do pé que brotou Maria (a árvore do amor, já que era Maria sua amada), nem margarida nasceu, significa que, depois de Maria, nunca mais amou outro alguém.

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 Só envelhece quem não tem sonhos. Quem se deita sem um sorriso. Quem deixa de acreditar em novos começos e histórias.  Quem deixa de querer...