quarta-feira, 4 de julho de 2018
Inicio.da minha recuperacao
Quando comecei minha recuperação era uma mulher dependente de ter as pessoas ao meu lado. Sentia um gigantesco vazio dentro de mim, se você me perguntar se eu me sentia sozinha no meio de uma multidão ire lhe respondem que sim. Olhava para dentro de mim e entrava em desespero porque concluía que ali tudo era frio e solitário.
A minha maior luta foi para me sentir viva, não foi para um dia aprender a me relacionar com as pessoas e sim comigo mesmo. A forma como eu me tratava, as coisas que todos os dias interiormente dizia a mim eram punitivas.
Meu sorriso disfarçava todas as dores que martelavam dia após dia minha alma. Meu ser vivia atormentado por tudo que me faziam. Eu fazia um grande esforço todos os dias para não enxergar minha dor e não ver o lado negro da vida, não queria me tornar uma pessoa que enxergava escuridão por onde passava.
Me esforçava o máximo para mostrar uma postura feliz e de bem com a vida, entretanto, dentro as dores pulsavam. Vivia com a alma angustiada, aflita, com raiva, medo e muita ansiedade. Não conseguia encarar a dureza de minha realidade interior, então eu vestia a máscara da felicidade.
Comecei uma recuperação para me salvar de mim mesma, me fazia mal, entrava em cada situação que só Deus para me tirar dela. Muitas vezes pensava comigo mesma: Porque fiz isso com minha vida? Onde quero chegar?
Quando comecei a minha recuperação pude enxergar que eu queria me maltratar, me fazer sofrer da mesma forma que sentia ser feita por outros.
Sentia necessidade de um gole a mais de dor, pois só assim poderia sentir que ainda vivia. Revivi cada tapa que foi dado pr meu pai revivia cada palavra amarga de minha mãe através de minha história, revivi cada explosão de raiva de meus pais comigo mesma, revivi todos os momentos de dor onde uma criança se sente culpada por existir. Só fui saber que me punia quando olhei para dentro de mim, as palavras que meus pais falavam quando era criança por mais que lutasse contra, elas eram fortes dentro de mim.
A infância é um período marcante, tudo que fizermos aos nossos filhos ficará registrado em sua memória emocional, cada palavra, cada atitude, cada abuso e cada abandono, o cérebro humano fotografa e guarda cada marca.
Quando comecei a estudar sobre traumas na infância me vi ali escrita e vou descrever como reagia na vida adulta de forma resumida:
1. Me tornei uma adulta acanhada em dizer o que pensava e tinha uma grande dificuldade de fazer as coisas que desejava ou no instante seguinte meus pensamentos não existiam em minha mente, era como se alguém tivesse apagando qualquer pensamento.
2. A raiva que sentia dentro de mim me consumia todos os dias, era uma pessoa furiosa, para me controlar fazia um esforço enorme e na maioria das vezes não conseguia porque o que acontecia dentro de mim tinha proporções gigantescas.
3. Não me valorizava e quando alguém me fazia algum elogio eu pensava que a pessoa queria algo ou estava maluca. Todos os elogios eram rejeitados por mim, pois me faziam mal. Tinha uma amiga de minha mãe que sempre dizia que me queria como filha que era uma mulher doce e amorosa. Ela me causava espanto, sorria para ela como forma de agradecimento, entretanto como entender que uma pessoa tão boa como ela iria me querer como filha? Contradizia tudo que meus pais falavam de mim e isso ficou registrado na minha memória, toda vez que alguém fazia algum elogio eu discordava das pessoas.
4. Eu pedia desculpas por existir, desculpa por dizer isso, desculpa por estar na sua vida, desculpa por estar aqui. Me sentia culpada por existir , a sensação que tinha é que precisava pedir perdão pelo ar que respirava.
5. Me tornei uma pessoa tão problemática que corria atrás dos problemas sem notar, onde existia uma confusão eu estava inserida nela. Era como um imã que me atraía. As pessoas mais problemáticas se relacionavam comigo ou eram meus amigos.
Na minha recuperação descobri que carreguei um trauma e que ele não iria se resolver sozinho. Esses traumas invadiram minha personalidade e fez de minha vida um campo minado, toda vez que tentava me mexer algo ia pelos ares.
Foi me recuperando que descobri que podia fazer algo por mim, que tinha o poder de escolher continuar me ferindo ou ir a luta para cura-los. Doeu olhar para a menina que ficou ferida, entretanto a abriguei em meus braços e prometi nunca mais abandona-la e nem feri-la.
Foram muitos processos a serem feitos eu era uma bomba atômica em forma de ser humano. Hoje me olho e respiro fundo porque descobri que toda mudança começa com o agora e foi o que fiz e continuo fazendo.
A verdade sobre a nossa infância está armazenada em nosso corpo e, embora possamos reprimi-la, nunca poderemos alterá-la. Nosso intelecto pode ser enganado, nossos sentimentos manipulados e concepções confusas, e nosso corpo enganado com medicação. “Mas algum dia nosso corpo apresentará sua conta, pois é tão incorruptível quanto uma criança que, ainda inteira em espírito, não aceitará concessões ou desculpas, e não deixará de nos atormentar até que paremos de fugir da verdade “.
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