quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Refletindo com Drummond



Carlos Drummond de Andrade perturba algumas certezas definitivas
no seu poema Verdade. Vale refletir com ele. 

A porta da verdade estava aberta, 
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade. 

E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. 
Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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