sábado, 5 de fevereiro de 2011


Fome

Adélia Prado diz: “Não quero faca nem queijo, quero é fome”.


E eu na minha ainda pouca significância perto dela, ouso dizer : “ Se tenho abraço e beijo, ainda assim quero é amor”.
A impossibilidade de ter algo que queremos muito faz com que nossa alma conspire a favor do nosso desejo. E a alma tem poderes sobrenaturais.
Como diria Elis Regina em “Como nossos pais”: “Você pode até achar que eu tô por fora ou então que eu tô inventando”. E talvez isso não seja mesmo para pessoas “normais”

( de perto ninguém é normal), mas acontece mesmo como um fenômeno na nossa vida.

Assim, saudade é uma manifestação da memória (o que a memória amou e “salvou” do esquecimento, o coração jamais esquece) e através de lembranças chegamos a reviver no presente o que pertencia a um tempo passado.
A presença física de alguém é a forma ideal.Mas como na vida nada é de acordo com o que queremos, temos que aprender a conviver com essa falta, essa ausência do que consideramos ideal.
Assim aprendemos a criar subterfúgios e com a ajuda dos poderes sobrenaturais da alma “coisificamos” os nossos desejos.
Há coisas que ficam impregnadas com a essência de quem queríamos que estivesse conosco. Como o desodorante na prateleira daquele que já morreu. Como sentir saudades e para senti-lo perto outra vez, usa o mesmo vestido azul do qual ele gostava tanto.Ele dizia que ela ficava “sexy” demais com ele.
Para imaginá-lo perto de mim, sem ninguém ver, abro um velho álbum de fotografias.a história Cada fotografia imortaliza um momento.
A “coisa” seja ela o que for, deixa de ser material para ser um símbolo, uma extensão de alguém. A alma com seus poderes sobrenaturais transforma o que ela quiser em realidade.

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